segunda-feira, 29 de junho de 2009

Cirurgia contra obesidade pode reduzir risco de câncer nas mulheres

PARIS, França (AFP) — A cirurgia contra obesidade, como a colocação de anéis gástricos para reduzir a ingestão calórica, pode estar associada a uma queda de até 42% no risco das mulheres obesas terem um câncer, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira.

A cirurgia para a perda de peso está associada a uma redução consequente, de 42%, dos cânceres nas mulheres, mas não nos homens, assinala o estudo "SOS", disponibilizado na internet pela revista especializada The Lancet Oncology.

O estudo dirigido pelo sueco Lars Sjöström compara 2.010 pessoas obesas operadas com 2.037 obesos que tiveram uma educação alimentar e higiênica sem serem operados. Os pacientes, de idades compreendidas entre os 37 e os 60 anos, foram acompanhados durante uma média de onze anos.

A perda de peso sustentável foi de quase 20 kg em média em dez anos no caso da realização da cirurgia, para 1,3 kg no outro caso.

A cifra de aparecimento de cânceres pela primeira vez nos dois sexos é inferior no grupo dos operados (117) em comparação com o dos não operados (169).

As mulheres submetidas a intervenções cirúrgicas têm muito menos cânceres (79) que as não operadas (130). Esta diferença não aparece no caso dos homens, talvez por serem menor em número no estudo.

A obesidade e o excesso de peso implicam um risco maior de câncer do que se poderia prever, enfatiza a revista. Nos Estados Unidos estes fatores são responsáveis por 14% das mortes por câncer nos homens e 20% nas mulheres.

Para as mulheres, o efeito preventivo do emagrecimento se faz sentir principalmente nos cânceres pós-menopausa, como o de mama e de endométrio, mas sua influência demora mais tempo a ser notada em outros tipos, como o de cólon, reto ou rins, mais comuns nos homens, segundo o especialista britânico Andrew Renehan, da Universidade de Manchester.

Curiosamente, segundo os autores, não existe uma relação direta entre a quantidade de peso perdido e a redução dos cânceres, o que sugere a necessidade de pesquisas complementares.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Mitos e verdades sobre redução de estômago

Especialista tira suas dúvidas mais comuns sobre cirurgia bariátrica

Vladimir Maluf - http://beleza.ig.com.br

A cirurgia de redução de estômago para quem está muito acima do peso passou a ser mais comum desde que hospitais públicos passaram a realizar o procedimento e convênios médicos autorizarem a operação. Márcia Jablonka Kelman, que é endocrinologista da Clínica Biodiet, ajuda a tirar as dúvidas mais comuns sobre essa operação.

“A cirurgia bariátrica é uma opção terapêutica indicada por médicos, quando todas as tentativas clínicas e medicamentosas foram infrutíferas”, explica a médica. “Diferentemente do que muitos pensam, a operação não é uma saída mais fácil para emagrecer”. A indicação, portanto, é para a cura da obesidade mórbida e de suas graves consequências, como o aumento da mortalidade por doenças cardiovasculares, derrame, diabetes, alguns tipos de câncer – como no trato digestivo – e outras.

Quais os maiores riscos?
Os obesos têm, pela própria condição, alterações graves no coração, pressão, diabetes etc, que aumentam o risco cirúrgico. Porém, com uma equipe médica preparada, o índice de mortalidade está entre 1% e 3%. O maior risco está na falta de comprometimento com a cirurgia, como ignorar as ordens médicas. Em outros casos, acontecem complicações inesperadas, acidentes anestésicos, infecções... Por isso que a cirurgia só deve ser feita após avaliação profunda.


É uma operação estética?

Não. A operação é realizada se houver indicação médica. O especialista vai avaliar os riscos e benefícios. Se o paciente tem doenças associadas (como doenças cardíacas graves)

É seguro?
A operação é segura desde que haja uma preparação detalhada antes dela. Pessoas acometidas por alcoolismo ou distúrbios psiquiátricos não estão indicadas. Respeitando as indicações e as contraindicações, torna-se seguro.

O paciente precisa passar por avaliações psicológica?
Sim. O paciente é avaliado pelo médico clínico geral, pelo cirurgião e por um psiquiatra ou psicólogo, para entender como será sua aceitação depois da operação.


A fome continua, mas o operado não consegue comer?

Não. A fome diminui muito, não há sofrimento em relação a isso, pois a vontade de comer é menor e a satisfação com pequenas quantidades também. Agora, o paciente terá que escolher o que comer, pois cabe pouco.

É verdade que o gastroplastizado precisa mastigar muito bem?
Sim. Isso melhora a digestão e a absorção dos alimentos que, na fase pós-operatória, é ainda mais sensível, pela própria cirurgia. No geral, todos devem mastigar bem para ter um bom aproveitamento nutricional dos alimentos e sensação adequada de digestão.


Existem procedimentos mais seguros do que outros?

A cirurgia mais segura atualmente é aquela que envolve a restrição do volume do estômago (para não caber muito) e, também, a alteração no trânsito do intestino, para que se absorva menos gordura e o corpo funcione melhor.


Após a cirurgia, preciso fazer acompanhamento médico?

Sim, para diagnosticar as deficiências vitamínicas resultantes do tratamento e tratá-las, bem como mapear o estado mental, estimular hábitos saudáveis – como atividade física – e fazer medicina preventiva. Apesar da cirurgia, o tratamento da obesidade continua.

Se comer demais, é verdade que a pessoa vomita?
Se comer a mais do que o volume do estômago suporta (que agora é pouco), sim. O estômago, se cheio demais, reage causando náuseas até vomitar, para eliminar o excesso.


É preciso ter cuidado para não emagrecer demais?

E algum momento o organismo se adapta e para de emagrecer (mesmo comendo pouco e fazendo exercícios habituais). É por isso que muitos pacientes deixam de ser superobesos para ter sobrepeso. Raramente, são muito magros.


A pessoa depois da cirurgia pode comer tudo o que quiser ou fará uma dieta?

Seguirá uma dieta para sempre, não só a ingerida por boca, como com suplementação de vitaminas e outros alimentos, pois a ação que diminui a absorção de alimentos pelo corpo não permite a ingestão adequada de nutrientes.