quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Cirurgia da obesidade recupera auto-estima

Problemas de saúde, auto-estima baixa e sucessivas tentativas de emagrecer
fracassadas. Essas podem ser as principais causas que levam uma pessoa a se
submeter à cirurgia da obesidade, também conhecida por cirurgia bariátrica.
O procedimento, que busca a perda de peso em pessoas com obesidade mórbida,
ajuda a melhorar além da qualidade de vida, a confiança da pessoa.

"Decidi fazer a cirurgia por questões de saúde e também por estética",
conta João Luciano Granado Junior, 25 anos. Granado passou pelo
procedimento chamado cirurgia de capela quando o ponteiro da balança já
acusava quase 200kg. "O procedimento que fiz corta um pedaço do estômago,
reduzindo seu tamanho. Hoje, como uma quantidade bem menor, apesar de ainda
sentir fome normalmente", explica Granado.

Segundo o cirurgião bariátrico Gilberto Borges de Brito, existem várias
técnicas que podem ser usadas para o tratamento da obesidade. "Algumas são
restritivas, outras são disabsortivas e outras mistas", explica o chefe do
Serviço de Cirurgia Bariátrica, de Esôfago e Estômago do Hospital de Base
de São José do Rio Preto.

O procedimento pelo qual Granado passou se enquadra entre aqueles chamados
de mistos - os mais realizados nos dias de hoje. Com a diminuição do
tamanho do estômago e da área de absorção do intestino, o paciente passa a
se alimentar em menor quantidade. "Depois de ser dividido por um anel, o
estômago fica com uma capacidade entre 20 e 30ml", comenta Brito (a
capacidade normal do estômago é de 1.500 a 2.000ml).

Apesar da diminuição brusca do tamanho do estômago, o cirurgião garante que
não há baixas nutricionais severas. "Essa cirurgia interfere apenas na
absorção de micronutrientes, como ferro, cálcio e vitamina B12, que devem
ser ingeridos em forma de suplemento alimentar", explica.

O que muda?
"Depois de uma cirurgia como essa, tudo muda na vida de uma pessoa. Achei
que minha vida social acabaria, mas, pelo contrário, ela melhorou muito",
felicita Ricardo Medvid, 33 anos. O gerente de pós-venda comenta ainda que
passou a ter uma boa auto-estima, a ponto de se sentir bem em lugares que
antes o deixavam constrangido. "Hoje consigo ir à academia todos os dias,
afinal, isso se torna muito mais fácil com 60kg a menos."

Além dos fatores psicológicos, a cirurgia da obesidade é ainda responsável
por uma melhora na qualidade de vida do paciente. Quando não há problemas
com o pós-operatório, e todas as recomendações médicas são seguidas, a
pessoa se recupera de maneira relativamente rápida. "O índice de
complicações é pequeno. Após duas semanas o paciente já sai daquela dieta
pastosa do pós-operatório", comenta o cirurgião bariátrico Ricardo Cohen.

Além do fator estético, que causa grande impacto na saúde psicológica da
pessoa, a cirurgia da obesidade tem uma finalidade maior. "O objetivo
médico maior é corrigir doenças produzidas pela obesidade", conta Brito.
Segundo o cirurgião, a taxa de cura de doenças como diabetes e hipertensão
gira em torno de 85% em pacientes que se submetem à operação. "Com a
normalização do peso, a expectativa de vida se normaliza, uma vez que no
obeso ela é reduzida em décadas", afirma.

Doenças como pressão alta, diabetes tipo 2, colesterol, gordura no fígado,
hepatite, cirrose, câncer de intestino grosso, câncer de mama e apnéia do
sono, típicas de pacientes com obesidade mórbida, podem ser curadas ou
mesmo prevenidas com a cirurgia bariátrica.

Tipos de operações
Atualmente, a cirurgia da obesidade mais realizada é aquela em que se
divide o estômago em dois, ligando a parte menor direto ao intestino
distal. "O estômago da pessoa fica com uma capacidade de 20 a 30ml. Nesse
procedimento, coloca-se um mecanismo de contenção, que pode ser um pequeno
anel de silicone", explica Brito.

Há ainda outro procedimento no qual se reduz o tamanho do intestino,
diminuindo a superfície de absorção dos nutrientes. No entanto, essa
operação raramente é usada, pois pode promover a desnutrição nos pacientes
operados.

Outro tipo de cirurgia bariátrica é aquela na qual se coloca uma banda
gástrica ajustável, do tipo inflável, no estômago do paciente. Assim,
diminui-se o tamanho desse órgão. "É possível encher ou não o balão,
apertando mais ou menos, de acordo com a necessidade do paciente", explica
Brito. O balão é preenchido com a aplicação de soro. Quanto mais apertado
ele estiver, maior será a sensação de saciedade precoce, fazendo com a
pessoa coma quantidade menores de alimentos.

Quem pode fazer
Segundo o cirurgião Ricardo Cohen, pessoas com índice de massa corpórea
acima de 35 podem se submeter à cirurgia bariátrica, desde que tenham
alguma doença associada, como diabetes e hipertensão.

"Pacientes com índice de massa corpórea superior a 40 estão habilitados a
fazer a cirurgia, mesmo que não tenham doenças associadas", explica Cohen.

Contra-indicações
A cirurgia da obesidade não é indicada para pessoas com desequilíbrio
emocional ou com doenças psíquicas não-controladas. "Pacientes com
dependência química ou com doenças psiquiátricas graves podem ter
dificuldades em seguir todas as orientações do pós-operatório", alerta o
cirurgião Gilberto Borges de Brito.

O indicado, nesses casos, é que essas doenças sejam tratadas e
estabilizadas anteriormente, para que, então, se possa optar por um dos
procedimentos.

Fonte: Portal Terra