segunda-feira, 27 de julho de 2009
Cirurgia pode tratar obesidade leve
Conhecida como gastrectomia vertical, técnica não interrompe ligação do estômago com o intestino
FERNANDA BASSETTE
Uma nova técnica cirúrgica de redução de estômago foi regulamentada, depois de um consenso da SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica). Na técnica, chamada gastrectomia vertical, o médico retira cerca de 80% do estômago do paciente e o transforma em um tubo contínuo que vai do esôfago até o duodeno, preservando a ligação com o intestino.
De acordo com o cirurgião Marcos Leão Vilas-Boas, vice-presidente da SBCBM, nesses casos, a pessoa perde cerca de 30% do peso e emagrece sem perder nutrientes, pois não há alteração na digestão e os alimentos continuam sendo absorvidos normalmente.
“O paciente sente menos fome, come menos e tem sensação de saciedade. A diferença para as outras técnicas é que a perda de peso é um pouco menor e acontece mais devagar”.
Desenvolvida no Canadá, a gastrectomia vertical é regulamentada no Brasil como a primeira etapa de um procedimento cirúrgico mais complexo em pacientes superobesos, que precisam perder muitos quilos antes de passar pela cirurgia tradicional, conhecida como bypass gástrico.
No bypass, mais de 90% do estômago é separado e grampeado. A digestão também é alterada, pois o estômago que sobra é ligado diretamente ao íleo e há menos absorção de alguns nutrientes. O paciente perde cerca de 40% do peso.
Com o tempo, os canadenses perceberam que fazer apenas a primeira parte da cirurgia nos superobesos proporcionava bons resultados. Daí surgiu a idéia de realizar essa cirurgia como um procedimento isolado em pessoas que querem perder menos peso.
A idéia da SBCBM é que, a partir da regulamentação da técnica, a gastrectomia vertical seja oficialmente recomendada e feita como rotina em pacientes que não são superobesos.
A intenção é aprovar a técnica para pessoas com obesidade de grau 1 (índice de massa corpórea entre 30 e 35, que antes não seria indicação cirúrgica), pacientes com risco cirúrgico elevado por doenças associadas, casos de alterações cirúrgicas necessárias e, por último, para pacientes que preferem fazer essa cirurgia.
Para sustentar a proposta de consenso com as novas indicações e a regulamentação da técnica, o cirurgião Josemberg Marins Campos, professor da Universidade Federal de Pernambuco, fez um levantamento sobre a cirurgia no Brasil.
De acordo com a pesquisa, nos últimos quatro anos, 35 cirurgiões já realizaram, de forma experimental, a gastrectomia vertical em 2.123 pacientes que não eram superobesos.
Desse total, 24% disseram que realizaram a gastrectomia por necessidade no momento da operação (ao descobrir algum problema após o início do procedimento), 18% afirmaram tê-la feito em pacientes com risco elevado para outras cirurgias, 17% a fizeram em pessoas com IMC entre 30 e 35 e 13% seguiram a escolha do paciente.
Como se trata de um procedimento novo, o levantamento nacional não conseguiu avaliar os resultados a longo prazo da cirurgia nos pacientes.
Mas, segundo Campos, apenas 16 médicos relataram ter tido algum tipo de intercorrência após o procedimento. Não houve relato de morte.
A intercorrência mais comum foi o aparecimento de fístola (vazamento por causa do grampeamento do estômago), seguida de refluxo gástrico nos primeiros três meses depois da cirurgia, e da recuperação de parte do peso perdido.
Marcos Leão Vilas-Boas diz que muitos pacientes que procuram a cirurgia não querem perder tanto peso, por isso ela se torna uma boa alternativa.
O endocrinologista Márcio Mancini, presidente da Abeso (Associação Brasileira para Estudos da Obesidade e da Síndrome Metabólica), diz que o procedimento é eficiente, mas teme que aprová-lo para pessoas com IMC igual a 30 seja uma banalização da cirurgia.
Para ele, a indicação cirúrgica nesses casos deve acontecer só para pessoas com outras doenças associadas.
“Uma pessoa com IMC igual a 30 está com 12, 15 quilos acima do peso. É preciso tomar cuidado com a indicação, senão muitas pessoas com esse peso lançarão mão desse artifício para emagrecer rapidamente em vez de fazer dieta e exercícios”.
CIRURGIA BARIÁTRICA
A gastrectomia vertical deve entrar na lista de opções de técnicas de redução de estômago
GASTRECTOMIA VERTICAL
Cerca de 80% do estômago é retirado do organismo. Nessa parte retirada era produzido o hormônio grelina (que estimula o apetite)
A parte do estômago que restou é grampeada e transformada em um tubo contínuo que vai do esôfago até o duodeno, onde os alimentos são absorvidos. Não há mudanças no processo digestivo.
Indicações
Pessoas com obesidade grau 1 (com índice de massa corpórea entre 30 e 35);
Pacientes com risco cirúrgico elevado por causa de doenças associadas;
Mudanças cirúrgicas;
Pacientes que preferem se submeter a esse procedimento dentre os outros disponíveis.
Desvantagem
Os médicos temem que, em dez anos, os pacientes voltem a ganhar peso porque o estômago tende a dilatar.
A técnica mais usada – BYPASS GÁSTRICO
Mais de 90% do estômago é separado do resto e grampeado. O órgão continua no organismo.
O processo digestivo é alterado: o estômago é ligado diretamente ao íleo, impedindo que a comida passe pelo duodeno, onde se iniciaria a sua absorção.
Indicações
Pacientes obesos com índice de massa corpórea maior que 35 (em casos de doenças associadas) ou maior que 40.
Desvantagem
Como há menos absorção de nutrientes, os pacientes precisam fazer reposição vitamínica constantemente.
Bancada dos neomagros
Há uma nova bancada no Congresso: a dos políticos que se submeteram a cirurgias bariátricas - de redução do estômago. A bancada dos neomagros é uma das faces mais visíveis do contingente de 30 000 brasileiros que deixaram as maratonas em spas, as dietas esdrúxulas e as bolas para emagrecer e optaram por um, digamos, posicionamento mais radical diante da realidade calórica. O mais novo integrante dessa bancada é o primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), de 58 anos, que se submeteu à intervenção há um mês. Heráclito exibia 1 metro e 30 centímetros de cintura (quarenta centímetros a mais do que o ideal) e sofria de três problemas relacionados à obesidade: hipertensão arterial, glicose elevada e apneia do sono - aquelas interrupções da respiração durante a noite.
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O senador piauiense lutou contra a balança por quinze anos. Nesse período, adotou os mais diversos tipos de regimes. "O pior foi a dieta do atum", lembra. "Durante três meses, só comi esse peixe. Não agüento mais nem sentir o cheiro dele", diz. O mais eficiente foi o corte radical de carboidratos e sua substituição por proteínas e gorduras, conforme a receita preconizada pelo médico americano Robert Atkins (que, aliás, morreu fulminado por um infarto). "Cheguei a perder 18 quilos, mas os recuperei de novo, porque não agüentei ficar sem carboidratos", diz. Mas nada foi mais traumático para ele do que a experiência com Xenical.
Nos anos 90, quando ainda era deputado, Heráclito usou o remédio que facilita a eliminação de gordura pelas fezes. "Naquele tempo, eu não podia ter emoções fortes. Vi colegas que não conseguiam se controlar e se sujavam nos corredores da Câmara", diz. Ainda assim, convenhamos, a sujeira é maior agora, quando já não há deputados tomando Xenical. Ele agora está decidido a atropelar na disputa final com a balança. Em 40 dias, perdeu 20 quilos. "Fortes, agora, é só no nome. Vou voltar a ser o gato que eu era na juventude", anuncia. Brasília vai tremer.
Foi no fim do ano passado que o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), de 48 anos, recebeu o diagnóstico que o levaria a decidir-se pela cirurgia bariátrica. Como seu quadro de diabetes havia piorado, o médico prescreveu-lhe injeções diárias de insulina. "Vi, então, que estava na hora de operar", diz. O diabetes de Demóstenes data de 1995, mas não havia mudado seus hábitos alimentares. "Eu era um glutão que comia três pamonhas no lanche. Agora, só consigo comer metade de uma pamonha no lugar da refeição", compara.
No Senado, a pioneira da bancada dos neomagros é a aguerrida Ideli Salvatti (PT-SC), de 56 anos. "Fazer a cirurgia foi uma questão de sobrevivência, porque eu já estava no estágio de obesidade mórbida", diz. "Sem a operação, eu não aguentaria os rojões que seguro no Congresso", diz Ideli, chamada de "pit bull do governo".
Desde que se submeteu ao procedimento, em novembro de 2003, a senadora perdeu 40 quilos - quer dizer, 37: três deles voltaram nas eleições de 2008. "Outro dia, tentei em vão levantar a quantidade de peso que perdi em sacos de arroz de cinco quilos cada um. Como eu conseguia carregar aquilo tudo, gente?", pergunta-se. Hoje, Ideli ingere um terço da comida que costumava traçar às refeições. "Passei a me amar muito", afirma. E a ser amada. Bem mais magra, Ideli modernizou o guarda-roupa e passou a namorar um sargento do Exército doze anos mais jovem que ela. Ao lado dele, a danadinha até parece uma lulu!
As cirurgias de redução de estômago só devem ser feitas em pacientes com sérios problemas de obesidade ou de diabetes e que precisam mudar seus hábitos, caso dos parlamentares ouvidos nesta reportagem. "A intervenção só resolve metade do problema. A outra depende de o paciente fazer atividade física regular e se alimentar de forma saudável", diz Thomas Szegö, presidente da Sociedade de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. A cirurgia pode até ser perigosa para quem não muda de vida. De acordo com a deputada estadual mineira Gláucia Brandão (PPS), seu marido, o deputado estadual Eduardo Brandão, morreu porque não se adaptou às novas dimensões do estômago operado e continuou a ser desregrado. Em 2005, um infarto o matou aos 47 anos. "Eduardo perdeu 32 quilos, mas continuava comendo gordura e não fazia exercícios", diz Gláucia.
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Nos anos 90, quando ainda era deputado, Heráclito usou o remédio que facilita a eliminação de gordura pelas fezes. "Naquele tempo, eu não podia ter emoções fortes. Vi colegas que não conseguiam se controlar e se sujavam nos corredores da Câmara", diz. Ainda assim, convenhamos, a sujeira é maior agora, quando já não há deputados tomando Xenical. Ele agora está decidido a atropelar na disputa final com a balança. Em 40 dias, perdeu 20 quilos. "Fortes, agora, é só no nome. Vou voltar a ser o gato que eu era na juventude", anuncia. Brasília vai tremer.
Foi no fim do ano passado que o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), de 48 anos, recebeu o diagnóstico que o levaria a decidir-se pela cirurgia bariátrica. Como seu quadro de diabetes havia piorado, o médico prescreveu-lhe injeções diárias de insulina. "Vi, então, que estava na hora de operar", diz. O diabetes de Demóstenes data de 1995, mas não havia mudado seus hábitos alimentares. "Eu era um glutão que comia três pamonhas no lanche. Agora, só consigo comer metade de uma pamonha no lugar da refeição", compara.
No Senado, a pioneira da bancada dos neomagros é a aguerrida Ideli Salvatti (PT-SC), de 56 anos. "Fazer a cirurgia foi uma questão de sobrevivência, porque eu já estava no estágio de obesidade mórbida", diz. "Sem a operação, eu não aguentaria os rojões que seguro no Congresso", diz Ideli, chamada de "pit bull do governo".
Desde que se submeteu ao procedimento, em novembro de 2003, a senadora perdeu 40 quilos - quer dizer, 37: três deles voltaram nas eleições de 2008. "Outro dia, tentei em vão levantar a quantidade de peso que perdi em sacos de arroz de cinco quilos cada um. Como eu conseguia carregar aquilo tudo, gente?", pergunta-se. Hoje, Ideli ingere um terço da comida que costumava traçar às refeições. "Passei a me amar muito", afirma. E a ser amada. Bem mais magra, Ideli modernizou o guarda-roupa e passou a namorar um sargento do Exército doze anos mais jovem que ela. Ao lado dele, a danadinha até parece uma lulu!
As cirurgias de redução de estômago só devem ser feitas em pacientes com sérios problemas de obesidade ou de diabetes e que precisam mudar seus hábitos, caso dos parlamentares ouvidos nesta reportagem. "A intervenção só resolve metade do problema. A outra depende de o paciente fazer atividade física regular e se alimentar de forma saudável", diz Thomas Szegö, presidente da Sociedade de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. A cirurgia pode até ser perigosa para quem não muda de vida. De acordo com a deputada estadual mineira Gláucia Brandão (PPS), seu marido, o deputado estadual Eduardo Brandão, morreu porque não se adaptou às novas dimensões do estômago operado e continuou a ser desregrado. Em 2005, um infarto o matou aos 47 anos. "Eduardo perdeu 32 quilos, mas continuava comendo gordura e não fazia exercícios", diz Gláucia.
Obesidade provoca pane no sistema de defesa do corpo
A obesidade pode causar o diabetes tipo 2 (resistência à insulina), induzindo uma pane no sistema de defesa do corpo. E drogas antialérgicas podem prevenir e tratar a doença em indivíduos acima do peso, indica uma descoberta simultânea de quatro grupos de pesquisa.
Numa iniciativa conjunta, todos publicaram seus estudos ontem no site na revista "Nature Medicine", revelando o resultado de experimentos feito com camundongos.
No primeiro dos trabalhos, cientistas conseguiram reduzir tanto a obesidade quanto a taxa de diabetes tipo 2 em roedores tratados com cetotifeno e cromoglicato --dois antialérgicos usados para combater a asma. O teste, conduzido por pesquisadores da Escola Médica de Harvard, de Boston (EUA), deve ser repetido em macacos.
"A melhor coisa dessas drogas é que nós já sabemos que elas são seguras para pessoas", afirmou o biomédico Guo-Ping Shi, um dos autores da descoberta. "Resta saber se elas vão funcionar [contra diabetes]".
Não foi à toa que quatro iniciativas diferentes chegaram à mesma conclusão quase ao mesmo tempo. A existência de interação entre o sistema imune e o metabolismo já era conhecida e consta até de livros-texto de medicina. Aquilo que médicos acreditavam ser uma relação muito indireta e complexa, porém, é pintada nos novos estudos como uma interação extremamente próxima.
"Pelo visto, estamos vendo o surgimento de uma nova disciplina: o imunometabolismo", diz Diane Mathis, líder do outro estudo de Harvard.
Além de mostrar a eficácia de medicamentos comuns para prevenir e tratar o diabetes nas cobaias, a importância dos novos estudos é que eles detalham diversos processos moleculares em que a obesidade interage com o diabetes tipo 2.
Diferentemente do tipo 1, na qual o pâncreas é atacado pelo sistema imune, o diabetes tipo 2 ocorre quando células do corpo se tornam avessas à insulina, hormônio produzido no pâncreas usado para processar açúcar. Os estudos que saem agora mostram o lado imunológico do diabetes de tipo 2, que não era totalmente claro.
"É possível que a inflamação causada pelos macrófagos [tipo de glóbulo branco que combate organismos invasores] resulte em resistência à insulina", diz Steven Shoelson, endocrinologista que participou do estudo de Mathis. Inflamações leves, mas crônicas, no tecido adiposo de obesos, seriam então a bomba-relógio do diabetes tipo 2.
O estudo de Shi mostrou que, no tecido adiposo de camundongos obesos, células que atuam no processo de cicatrização parecem provocar inflamações e alergia.
Foi aí que apareceu a ideia de testar as drogas antialérgicas. Os animais que receberam as drogas e entraram numa dieta com exercícios tiveram uma melhora de quase 100%.
Fonte: Folha Online
Numa iniciativa conjunta, todos publicaram seus estudos ontem no site na revista "Nature Medicine", revelando o resultado de experimentos feito com camundongos.
No primeiro dos trabalhos, cientistas conseguiram reduzir tanto a obesidade quanto a taxa de diabetes tipo 2 em roedores tratados com cetotifeno e cromoglicato --dois antialérgicos usados para combater a asma. O teste, conduzido por pesquisadores da Escola Médica de Harvard, de Boston (EUA), deve ser repetido em macacos.
"A melhor coisa dessas drogas é que nós já sabemos que elas são seguras para pessoas", afirmou o biomédico Guo-Ping Shi, um dos autores da descoberta. "Resta saber se elas vão funcionar [contra diabetes]".
Não foi à toa que quatro iniciativas diferentes chegaram à mesma conclusão quase ao mesmo tempo. A existência de interação entre o sistema imune e o metabolismo já era conhecida e consta até de livros-texto de medicina. Aquilo que médicos acreditavam ser uma relação muito indireta e complexa, porém, é pintada nos novos estudos como uma interação extremamente próxima.
"Pelo visto, estamos vendo o surgimento de uma nova disciplina: o imunometabolismo", diz Diane Mathis, líder do outro estudo de Harvard.
Além de mostrar a eficácia de medicamentos comuns para prevenir e tratar o diabetes nas cobaias, a importância dos novos estudos é que eles detalham diversos processos moleculares em que a obesidade interage com o diabetes tipo 2.
Diferentemente do tipo 1, na qual o pâncreas é atacado pelo sistema imune, o diabetes tipo 2 ocorre quando células do corpo se tornam avessas à insulina, hormônio produzido no pâncreas usado para processar açúcar. Os estudos que saem agora mostram o lado imunológico do diabetes de tipo 2, que não era totalmente claro.
"É possível que a inflamação causada pelos macrófagos [tipo de glóbulo branco que combate organismos invasores] resulte em resistência à insulina", diz Steven Shoelson, endocrinologista que participou do estudo de Mathis. Inflamações leves, mas crônicas, no tecido adiposo de obesos, seriam então a bomba-relógio do diabetes tipo 2.
O estudo de Shi mostrou que, no tecido adiposo de camundongos obesos, células que atuam no processo de cicatrização parecem provocar inflamações e alergia.
Foi aí que apareceu a ideia de testar as drogas antialérgicas. Os animais que receberam as drogas e entraram numa dieta com exercícios tiveram uma melhora de quase 100%.
Fonte: Folha Online
A Evolução
terça-feira, 21 de julho de 2009
História de sucesso: dos 118 kg aos 61
Depois de uma cirurgia bariátrica, Tatiana passou a pesar praticamente a metade e ficou irreconhecível
Vladimir Maluf
A mudança de Tatiana Cassola dos Santos é de cair o queixo. Ela, que é encarregada de Serviço de Atendimento ao Cliente, passou por uma cirurgia bariátrica para se livrar do excesso de peso. Hoje, com 31 anos, a moça de 1,65m deixou de pesar 118 kg para ter 61 kg. Quer mais um número que diminuiu? O manequim: era 58. Agora, é 40. Após o nascimento da filha, Tatiana chegou ao extremo. “Engordei demais, devido à depressão pós-parto”, lembra ela que, mesmo antes disso, já sofria com a obesidade. “Sempre lutei contra o peso. Já fiz diversas dietas e tomei muitos remédios, com promessa de milagres. Emagrecia e, um tempo depois, ganhava o dobro.”
Quando engravidou, estava bem acima do peso. No final da gestação, pesava 114 kg e, mesmo depois do parto, Tatiana não emagreceu. “Pelo contrário: engordei mais. O ápice foi quando me olhei no espelho e não me reconheci. Me via em fotos e não acreditava”. O casamento, então, entrou em crise. “Me escondi de todos e de tudo. Quase perdi meu marido por conta da minha agressividade e impaciência. Me sentia perseguida e comecei a ter problemas de saúde”, relata.
Para resolver o problema, Tatiana procurou um médico e realizou todos os exames necessários antes da cirurgia que reduziria seu estômago. “Tinha medo e, ao mesmo tempo, muita determinação. Saí do consultório com uma alegria indescritível: chorei, ri, gritei...”. A ansiedade era imensa, até que o dia 11 de janeiro de 2008 chegou. “Pensei em desistir, mas a torcida era maior” E lá foi ela para o hospital, acompanhada do marido e da mãe.
Após quatro horas de cirurgia e duas horas na recuperação, ela voltou para o quarto. “Estava dopada. Tinha dores insuportáveis nas costas, devido ao tempo deitada e reta – quem é gordinho sabe do que eu to falando”. Os três primeiros dias foram uma tortura. “Dormi praticamente sentada. Sentia muitas dores, como se estivessem enfiando uma faca em mim”.
No dia em que recebeu alta, jurou para si mesmo que nunca mais voltaria a um hospital para fazer nenhum tipo operação que não fosse absolutamente necessária. “Após 13 dias de cirurgia, voltei ao consultório, para tirar os pontos. Já tinha emagrecido 11 kg!”, exclama Tatiana. “Foi a glória!”. Durante os três próximos meses, a alimentação da moça era só líquida. “Eu não tive uma boa aceitação da comida. Por isso, batia tudo no liquidificador”.
Quatro meses depois da operação, ela havia perdido 30 kg. Porém, estacionara. “Me sentia muito mal. Minha menstruação estava toda desregulada e comecei a me sentir estranha. Procurei a minha ginecologista e, adivinhe: estava grávida”. Tatiana entrou em desespero achando que seu sonho de emagrecer iria por água abaixo. “Fiz alguns exames e, outra bomba, eram gêmeos! Ouvi os batimentos cardíacos dos bebês e fiquei feliz e em pânico ao mesmo tempo”. A gravidez era arriscada, afinal, fazia muito pouco tempo que Tatiana havia operado. “Acabei tendo um aborto espontâneo”.
A moça voltou a perder peso e, em dezembro, já eram 50 kg a menos. “Fui às compras de Natal. Entrava em todas as lojas e estava fascinada: as roupas que eu queria tinham o meu tamanho. Nem preciso dizer que gastei além da conta...” Em janeiro de 2009, no aniversário da operação, lá foi ela se pesar. “Estava com 65 kg. Fiquei radiante, mais tinha consciência de que ainda faltava 7 kg”.
Tatiana admite que, atualmente, não faz dieta. “Como de tudo, tudo mesmo, mas da forma correta: várias vezes ao dia”. E a vaidade falou mais alto: a promessa de nunca mais voltar ao hospital caiu por terra. “Não fiz nenhuma plástica, ainda, mas a minha maior vontade é colocar silicone nos seios. E vou colocar”. O marido que ganhou uma esposa nova, agora sofre com o assédio. “Me sinto poderosa! Saio na rua e dou muita risada com os homens babando. Meu marido está perdendo a paciência, pois os homens não respeitam se você está acompanhada. Se te acham bonita, mexem mesmo!”, diz ela, feliz da vida.
Vladimir Maluf
A mudança de Tatiana Cassola dos Santos é de cair o queixo. Ela, que é encarregada de Serviço de Atendimento ao Cliente, passou por uma cirurgia bariátrica para se livrar do excesso de peso. Hoje, com 31 anos, a moça de 1,65m deixou de pesar 118 kg para ter 61 kg. Quer mais um número que diminuiu? O manequim: era 58. Agora, é 40. Após o nascimento da filha, Tatiana chegou ao extremo. “Engordei demais, devido à depressão pós-parto”, lembra ela que, mesmo antes disso, já sofria com a obesidade. “Sempre lutei contra o peso. Já fiz diversas dietas e tomei muitos remédios, com promessa de milagres. Emagrecia e, um tempo depois, ganhava o dobro.”
Quando engravidou, estava bem acima do peso. No final da gestação, pesava 114 kg e, mesmo depois do parto, Tatiana não emagreceu. “Pelo contrário: engordei mais. O ápice foi quando me olhei no espelho e não me reconheci. Me via em fotos e não acreditava”. O casamento, então, entrou em crise. “Me escondi de todos e de tudo. Quase perdi meu marido por conta da minha agressividade e impaciência. Me sentia perseguida e comecei a ter problemas de saúde”, relata.
Para resolver o problema, Tatiana procurou um médico e realizou todos os exames necessários antes da cirurgia que reduziria seu estômago. “Tinha medo e, ao mesmo tempo, muita determinação. Saí do consultório com uma alegria indescritível: chorei, ri, gritei...”. A ansiedade era imensa, até que o dia 11 de janeiro de 2008 chegou. “Pensei em desistir, mas a torcida era maior” E lá foi ela para o hospital, acompanhada do marido e da mãe.
Após quatro horas de cirurgia e duas horas na recuperação, ela voltou para o quarto. “Estava dopada. Tinha dores insuportáveis nas costas, devido ao tempo deitada e reta – quem é gordinho sabe do que eu to falando”. Os três primeiros dias foram uma tortura. “Dormi praticamente sentada. Sentia muitas dores, como se estivessem enfiando uma faca em mim”.
No dia em que recebeu alta, jurou para si mesmo que nunca mais voltaria a um hospital para fazer nenhum tipo operação que não fosse absolutamente necessária. “Após 13 dias de cirurgia, voltei ao consultório, para tirar os pontos. Já tinha emagrecido 11 kg!”, exclama Tatiana. “Foi a glória!”. Durante os três próximos meses, a alimentação da moça era só líquida. “Eu não tive uma boa aceitação da comida. Por isso, batia tudo no liquidificador”.
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Tatiana admite que, atualmente, não faz dieta. “Como de tudo, tudo mesmo, mas da forma correta: várias vezes ao dia”. E a vaidade falou mais alto: a promessa de nunca mais voltar ao hospital caiu por terra. “Não fiz nenhuma plástica, ainda, mas a minha maior vontade é colocar silicone nos seios. E vou colocar”. O marido que ganhou uma esposa nova, agora sofre com o assédio. “Me sinto poderosa! Saio na rua e dou muita risada com os homens babando. Meu marido está perdendo a paciência, pois os homens não respeitam se você está acompanhada. Se te acham bonita, mexem mesmo!”, diz ela, feliz da vida.
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