domingo, 11 de outubro de 2009

Redução de estômago é método eficiente para tratar a obesidade

Cirurgia de redução de estômago é método eficiente para tratar obesidade A obesidade é classificada como a segunda causa de morte no mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2015 teremos aproximadamente 2,3 bilhões de adultos acima do peso e 70 milhões com distúrbio alimentar.

Hoje em dia, uma grande parte da população mundial enfrenta problemas de saúde decorrentes da incapacidade de perder peso. Quando se sofre de obesidade surgem problemas como hipertensão arterial, colesterol alto, diabetes, câncer de mama, câncer colorretal, artrite, além de uma longa lista de doenças que tornam a vida bem mais difícil.

Segundo um artigo da Organização Panamericana de Saúde publicado na edição de maio de 2003 do Pan American Journal of Public Health, na América Latina, quase 30% dos adultos são obesos. Nos Estados Unidos, 65% da população norte-americana está acima do peso e 34% é considerada obesa. A cada ano, são gastos 33 trilhões de dólares em produtos específicos para a redução de peso.

A equipe de especialistas em cirurgia bariátrica (redução de estômago) da Clínica Mayo em Jacksonville, Flórida, ajudou diversas pessoas que sofriam de obesidade extrema, conquistando excelentes resultados, em que 70% dos pacientes mantiveram um peso baixo a longo prazo. O doutor Scott Lynch, especialista bariátrico da Clínica Mayo em Jacksonville, Flórida, fala a seguir sobre esse tipo de cirurgia para a redução de peso.

Quem pode candidatar-se a uma cirurgia bariátrica para perder peso?
A obesidade é definida como a acumulação de gordura que resulta na deterioração das funções do organismo, levando, muitas vezes, à morte. A maior parte das pessoas que se submete a uma cirurgia bariátrica sofre de obesidade mórbida, o que, na maioria dos casos, significa um índice de massa corporal de 40 ou mais, ou superior a 35, com outros problemas de saúde como diabetes, apnéia do sono ou doença cardíaca, o que os coloca dentro de um maior risco de morte prematura.

O que leva alguém a passar do excesso de peso à obesidade?
Cada caso é um caso. Uma pessoa é considerada obesa se seu índice de massa corporal (IMC) é superior a 30. Por exemplo, se um indivíduo tem uma estatura de 1,70 m e pesa cerca de 87 quilos, seu IMC é de 30,1 e sua situação é de excesso de peso. O IMC é um índice individual, baseado no peso e na estatura, que permite calcular a gordura corporal e os riscos possíveis à saúde. Quem apresenta um IMC de 25 a 29 é considerado com excesso de peso; com um IMC de 30 ou mais é considerado obeso. Calcular o IMC é bem simples, e na internet podem ser encontradas muitas formas de calculá-lo gratuitamente. Basta dividir o peso da pessoa pela sua estatura em metros ao quadrado. IMC = (87 kg ÷ 1,70 ÷ 1,70 = IMC de 30,1). No entanto, o risco de cada paciente nem sempre é estimado de forma exata pelo IMC.

Quando a obesidade pode levar à morte?
Há uma relação direta entre a taxa de mortalidade e o IMC. As condições de risco mais comuns para as pessoas obesas são os problemas cardiovasculares e o diabetes. Mas a obesidade complica muitas outras situações e restringe opções de tratamento em muitos casos. Depois de perder peso, as taxas de mortalidade se reduzem a níveis quase idênticos aos de pessoas com IMC normal.

Que outros tratamentos estão disponíveis para reduzir o peso por questões de saúde?
Dieta, exercício, mudança de hábitos, substituição de alimentos sólidos por líquidos e medicação, dependendo das necessidades da pessoa e da urgência na perda de peso para evitar problemas de saúde sérios.

Como os médicos decidem sobre qual tratamento é o melhor e quando recomendar a cirurgia?
Depois de uma avaliação exaustiva, o primeiro passo para lidar com o problema é geralmente a mudança de dieta aliada à prescrição de exercícios. Um princípio essencial de nossa abordagem é a mudança de hábitos, para a qual nossa equipe de médicos, nutricionistas e de psicólogos clínicos ajuda os pacientes a determinar metas razoáveis, a aprender a se autocontrolar e a lidar com estados de ânimo negativos e estresse.

Se essa abordagem do problema não é suficiente, então recomendamos medicamentos para diminuir o apetite ou para tratar alterações de humor, dependendo das necessidades de cada pessoa. Se um paciente precisa de um tratamento médico intensivo, podemos oferecer-lhe um programa de substituição de alimentos sólidos por líquidos, com supervisão médica, para perda rápida de peso.

Como se realiza a cirurgia bariátrica?
Dependendo das necessidades de cada pessoa, os cirurgiões aplicam a técnica do bypass gástrico ou a técnica da banda gástrica ajustável.

Com o bypass gástrico em Y de Roux, o tamanho do estômago é reduzido, criando uma bolsa muito pequena (similar ao tamanho de um ovo) na parte superior do estômago. A nova disposição dos intestinos forma um "Y"; daí o nome "Y de Roux". Roux foi o primeiro cirurgião que realizou uma cirurgia gastrointestinal, que tem como resultado um desvio dos intestinos em forma de "Y". O procedimento se denomina ¿derivação gástrica¿, ou bypass gástrico porque com ele se cria um desvio para enviar parte dos alimentos diretamente ao intestino, sem passar pelo estômago.

Com a técnica de banda LAP ou banda gástrica ajustável na cirurgia laparoscópica cria-se também uma bolsa na parte superior do estômago. Uma faixa inflável é colocada ao redor da parte superior do estômago. A faixa é conectada a um pequeno reservatório sob a pele do paciente. A faixa vai se ajustando gradualmente por meio do reservatório durante os vários meses seguintes à operação, para dividir o estômago em dois compartimentos; uma bolsa pequena em cima e uma bolsa maior embaixo.

Como é a preparação do paciente para a cirurgia?
Cada paciente passa por uma avaliação médica, nutricional e psicológica completa para determinar se é um bom candidato para a cirurgia bariátrica e o que é necessário para ajudá-lo a maximizar os benefícios da cirurgia. Depois da avaliação, uma equipe do Centro Bariátrico se reúne com o paciente para discutir os requisitos pré-cirúrgicos e programar visitas periódicas para ajudá-lo a alcançar metas definidas. Além disso, para estar apto a uma cirurgia de derivação gástrica, um paciente deve ter um IMC inferior a 55, e para estar apto para a técnica com banda gástrica ajustável, deve pesar menos de 230 quilos. Depois de cumprir os requisitos, o paciente deve se reunir com um nutricionista para planejar as mudanças em sua dieta depois da operação.

Quais são os procedimentos pós-operatórios?
Depois da cirurgia, os pacientes começam a tomar suplementos alimentares e vão avançando lentamente na dieta, da ingestão de líquidos a uma dieta normal no período de dois meses, de acordo com o que estabelecer o nutricionista. Alguns pacientes avançam mais rápido e outros mais lentamente. Um mês depois, eles se reúnem com o cirurgião e com o nutricionista.

Em dois meses, o paciente se encontra com o médico bariatra e com o nutricionista. Depois, deve voltar a consultar-se com o médico bariatra e com o nutricionista nos 6 e 12 meses de pós-operatório.

Para aqueles que receberam a banda gástrica, a consulta com o bariatra e com o nutricionista é mensal durante um ano. No decorrer dessas visitas, todos os pacientes se submetem a exames para descartar possíveis complicações e para confirmar a adesão ao tratamento dietético. Os encontros adicionais podem ser programados segundo as necessidades de cada pessoa.

Fonte: Terra saúde