terça-feira, 28 de outubro de 2008

Entrevista Dr. Reynaldo Quinino

Pessoal, é com uma imensa satisfação que hoje entrevistaremos Dr. Reynaldo Quinino no nosso Blog.


Dr. Reynaldo Quinino: Formado em Medicina UFRN, especialização em Cirurgia Geral e Aparelho digestivo na Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, Professor UFRN.






Caro odir, é um prazer responder as perguntas:


O que mais me perguntam: Doe no pós operatório?

A dor é uma sensação subjetiva de um estímulo nervoso
produzido quando um tecido é lesado, desta forma, a percepção da dor é
uma experiência individual, que depende do limiar que possuímos para
suportá-la. Por exemplo, crianças sentem mais dor que adultos que, por
sua vez, sentem mais que idosos. De maneira geral, se a cirurgia é
realizada por videolaparoscopia, só existe a necessidade de
analgésicos nos dois primeiros dias e normalmente, em baixas doses.

Quem são as pessoas mais indicadas para este tipo de tratamento?
Existe algum tipo de pessoa que não pode fazer esta cirurgia?

As pessoas mais indicadas são aquelas que possuem Índice de Massa
Corporal acima de 35Kg/m2 associado a doenças como hipertensão e
diabetes ou acima de 40Kg/m2, independente de doenças associadas; além
dissso, que tenham idade entre 16 e 60 anos e com história de falha de
tratamento clínico (reeducação alimentar, inibidores de apetite e
atividade física). São raras as pessoas que não podem submeter-se a
uma cirurgia de obesidade, mas entre as principais contra-indicações
estão: Doenças cardíacas, pulmonares ou hepáticas graves, pois elevam
o risco cirúrgico, doenças psiquiátricas graves (como esquizofenia),
alcoolismo e dependência de drogas ilícitas.

Quais os tipos de cirurgia bariátrica, suas características? Qual a
mais comum?

Existem basicamente três tipos de cirurgia:

1. Restritivas: O mecanismo de perda de peso é principalmente por
reduzir a capacidade de armazenamento do estômago. A mais utilizada é
a banda gástrica ajustável, um procedimento no qual uma cinta é
passada ao redor do estômago, dividindo-o em dois compartimentos,
sendo que o superior tem cerca de 20ml e funciona como o novo
estômago, diminuindo a ingesta de alimentos e causando saciedade
(sensação de estômago cheio) precoce. A grande vantagem seria a menor
complexidade técnica do procedimento, mas por promover uma perda de
peso de apenas 15 a 20% do peso corporal, só é indicada hoje em casos
excepcionais.

2. Disabsortivas: Neste tipo de cirurgia o principal mecanismo que
leva a perda de peso é a diminuição na absorção de nutrientes como
carboidratos e gorduras, pois nelas são realizados "grandes" desvios
intestinais com pouca diminuição no tamanho do estômago. Teria a
vantagem teórica de permitir ao paciente ingerir maiores volumes de
alimentos, mas, na prática, nunca teve bons resultados no Brasil,
devido ao alto percentual de carboidratos na nossa dieta. Pode levar a
quadros de desnutrição protéica grave, necessitando inclusive de
internações para nutrição por via venosa, cirrose no fígado e cálculos
(pedras) nos rins.

3. Mistas: As cirurgias com melhores resultados e mais utilizadas em
todo o mundo para tratar a obesidade são aquelas onde existe um
componente restritivo (redução do estômago) e outro disabsortivo
(desvio intestinal), promovendo desta forma uma perda de peso
satisfatória com um índice de complicações aceitáveis, inclusive a
longo prazo. São conhecidas também como cirurgia de Capella (cirurgião
colombiano radicado nos estados Unidos que desenvolveu a técnica),
cirurgia do anel (que pode ou não ser colocado no estômago), cirurgia
de by pass (desvio) gástrico, entre outras.

O que é o anel? Ainda é necessário o uso dele?
O anel é uma fita de material sintético (normalmente silicone),
colocada ao redor do estômago reduzido com a finalidade de regular a
quantidade de alimentos que passam por ele, como se fosse a "boca" de
um funil. As primeiras cirurgias de desvio gástrico foram feitas com a
anel, pois acreditava-se ser indispensável a regulação da passagem dos
alimentos com esta fita, no entanto, com o desenvolvimento da
cirurgia, foi observado que pacientes onde não foi colocado o anel
apresentavam perda de peso semelhante com uma melhor qualidade de vida
(menos entalos e vômitos). Atualmente a maioria dos cirurgiões no
Brasil e nos Estados Unidos não utiliza o anel em suas cirurgias.

Como é o procedimento da cirurgia?
A cirurgia pode ser realizada por via convencional (com um corte de
15cm acima do umbigo), ou como é feita atualmente na maioria das
vezes, por via videolaparoscópica, ou seja, utilizando uma microcâmera
de alta definição e cinco a seis corte de variam de 5 a 12mm. A
anestesia é Geral. O procedimento dura em torno de três horas e o
paciente tem alta hospitalar dentro de três dias.

Qual é a perda de peso que é possível a pessoa perder em um ano com a
cirurgia?

A perda de peso após a cirurgia é muito variável de pessoa para
pessoa, pois depende de vários fatores, como o metabolismo de cada um,
o peso inicial, a gravidade da obesidade, a idade do paciente,
atividade física e abuso de álcool e doces.

Após a cirurgia que cuidados devemos tomar para que tenhamos um pós
cirúrgico da melhor forma possível?

Seguir rigorosamente as recomendações do Cirurgião e Nutricionista,
fazer uso dos suplementos nutricionais, não abusar do álcool e fazer
atividades físicas regularmente.

Devemos seguir alguma dieta após a cirurgia? E exercícios?
A dieta a ser seguida após a cirurgia é prescrita de forma individual
pela nutricionista, mas de maneira geral, após o terceiro mês de
cirurgia, é praticamente normal. Os exercícios podem (e devem) ser
realizados normalmente após 30 dias da cirurgia, iniciando com
atividades aeróbicas e após o terceiro mês, associando exercícios
isométricos (musculação).

O estômago pode voltar ao normal anos depois da cirurgia?
Se a cirurgia foi corretamente realizada, não há o risco de
"dilatação" do estômago após a cirurgia. O que pode ocorrer é um
aumento na quantidade de alimentos ingeridos após o segundo ano de
cirurgia, em decorrência da adaptação nos mecanismos neuro-hormonais
de saciedade.

Existem riscos na cirurgia de redução de estômago? Quais?
Como qualquer outra cirurgia de grande porte realizada em pacientes
obesos, a cirurgia de redução de estômago não é isenta de riscos, mas
as complicações graves representam hoje cerca de 5% dos casos, com um
índice de mortalidade menor que 1% em centros de referência. As
principais complicações são a fístula, ou seja o vazamento de secreção
devido a má-cicatrização nas áreas de sutura(costura), a embolia
pulmonar, que é migração de coágulo sanguíneo formado principalmente
nas pernas para o pulmão, causando dificuldade respiratória e
hemorragias.

Quais os problemas que podem ocorrer após a cirurgia?
Se o paciente não seguir as recomendações da equipe bariátrica, pode
desenvolver sintomas de intolerância alimentar como vômitos e entalos
freqüentes, levando-os a ingerir alimentos pastosos que, no geral ,
são mais pobres em proteínas e vitaminas. Caso o paciente não procure
tratamento adequado, poderá desenvolver deficiências de nutrientes,
levando a quadro de alterações na pele, cabelo, unhas, fraqueza e
ganho de peso.

Quais os benefícios desta cirurgia?
A cirurgia tem o benefício de perda de peso, com vantagens para os
ossos, músculos, tendões e articulações, melhora na auto-estima, vida
sexual, resultado estético, além da cura de doenças associadas a
obesidade como hipertensão arterial e diabetes.

È possível com ela ficar curado de doenças como diabetes,
hipertensão e outras?

O índice de cura para a diabetes chega a mais de 90% após a cirurgia,
independente da perda de peso e em torno de 60 a 70% dos pacientes com
hipertensão arterial ficam livres de medicamentos.

È necessário todos os pacientes fazerem cirurgia plástica após
emagrecer? Quanto tempo?

Não. A decisão de fazer ou não cirurgia plástica depende de cada
paciente e está relacionada a quantidade de pele excedente e o
resultado estético pretendido. Normalmente a cirurgia plástica só é
realizada após pelo menos, dezoito meses de cirurgia.

Como será a vida do paciente após a cirurgia?
Completamente normal, após um período inicial de adaptação.

Se o paciente precisa realmente da cirurgia, como ele deve
encarar esta necessidade?

Como uma etapa inicial importante no tratamento de uma doença crônica
grave, que merece cuidados e acompanhamento pelo resto da vida.

De suas considerações finais sobre este assunto:
A Cirurgia Bariátrica é um método consagrado para o tratamento da
obesidade mórbida, sendo realizado com segurança e bons resultados no
mundo há mais de trinta anos. A decisão de submeter-se a um
procedimento de redução de estômago deve ser bem pensada pelos
pacientes, pois envolve mudanças no estilo de vida e a necessidade
constante de acompanhamento de uma equipe multidisciplinar. Os
resultados da cirurgia são satisfatórios, mas exigem que o paciente
faça a sua parte, para se livrar de uma doença grave do ponto de vista
médico e social como é a obesidade mórbida.

Só lembrando pessoal que o Dr. Reynaldo pode ser encontrado na Clinica Corporis - Tel. 3212-1222/1922, só falar com nossa amiga Magali e marcar uma consulta. Muito obrigado pela entrevista!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

A IMPORTÂNCIA DO APOIO PSICOLÓGICO NA CIRURGIA BARIÁTRICA

A psicóloga Andrea Levy trabalha há três anos dando orientação psicológica a pacientes que estão para se submeter à cirurgia da obesidade. E Andrea trabalha não só com aconselhamento profissional de quem estudou o assunto, mas também de quem já passou pela situação. A psicóloga, de 1,75m, já foi obesa mórbida e chegou a pesar 140kg. Há dois anos ela passou pela cirurgia e hoje, com 60kg a menos, ela também usa da experiência pessoal para ajudar outras pessoas a enfrentar o problema.

Qual é a importância do exame psicológico antes da cirurgia?
Todo obeso que vai submeter-se a este tipo de cirurgia deve, antes, passar por uma avaliação psicológica que é composta de alguns testes e muita conversa. Essa avaliação não tem a intenção de proibir ninguém de ir pra cirurgia. Na verdade é mais um dos vários exames que o cirurgião pedirá ao paciente antes de operar. A cirurgia pode ser contra indicada pelo psicólogo quando for detectada alguma psicopatologia grave, como por exemplo um transtorno alimentar como a bulimia ou quando o paciente não tiver condições intelectuais de entender o processo pelo qual será submetido, já que o entendimento e colaboração do paciente serão fundamentais para se obter bons resultados no pós-cirúrgico.

E depois da operação, como a psicologia é aplicada?
Após a cirurgia, o psicólogo também exerce um papel fundamental no acompanhamento do paciente, já que este terá que adaptar-se a um novo estilo de vida que, em geral, é completamente diferente ao anterior. Além disso, o paciente terá que lidar com situações de privação de alimentos que antes eram ingeridos em grande quantidade. Muitos pacientes que antes eram compulsivos por comida, quando não conseguem lidar com esta privação, podem acabar transferindo esta compulsão para drogas, álcool, sexo e compras, por exemplo. E, para muitas pessoas, a obesidade funciona como um grande mecanismo de defesa e até como uma boa desculpa para não ter uma vida social e afetiva. "Estou gordo, não vou à festa", "Não vou arrumar emprego porque estou gordo".

O que muda na cabeça do ex-obeso?
Depois do inevitável emagrecimento que a cirurgia proporciona, essas desculpas já não podem mais existir e o ex-obeso tem que aprender a lidar com uma nova realidade e principalmente aceitar que agora ele é uma pessoa sem limitações físicas e, conseqüentemente, acaba sendo mais cobrado pela sociedade para que seja uma pessoa produtiva.As mudanças não são poucas na vida de quem deixa de ser obeso mórbido.
Quem opta pela cirurgia deve saber que está optando por enormes mudanças internas e externas, mas também está optando pela vida. A psicoterapia ajuda na reorganização desta nova vida, em um corpo inevitavelmente diferente.


Consultoria
Dra. Andrea Levy - Psicóloga - Tel: (11) 3758-8559 E-mail: alevy@globo.com

Entrevista concedida ao site Feminíssima ( http://www.feminissima.com.br ) em 09/04/2002

Obesidade ligada aos centros de prazer do cérebro


Uma ativação demasiado fraca dos centros de prazer no cérebro pode contribuir para o desenvolvimento da obesidade. Segundo um estudo de uma equipa norte-americana de cientistas, as pessoas com excesso de peso podem ter uma capacidade inferior de sentirem prazer quando comem, o que as pode levar a comer mais para obterem satisfação.

Eric Stice, psicólogo da Universidade do Texas e principal autor do estudo, afirma que trabalhos recentes indiciavam a existência de uma ligação entre os centros de prazer e a obesidade, mas o novo estudo colocou pela primeira vez em evidência este dado biológico.

O trabalho, publicado na revista Science, envolveu investigadores da Universidade do Texas, cientistas do Oregon Research Institute e neurocientistas da Escola de Medicina da Universidade de Yale, em Connecticut. O grupo recorreu à ressonância magnética funcional para examinar a extensão da ativação dos receptores de prazer em jovens mulheres quando estas ingeriram um batido de chocolate e, como oposto, uma solução sem sabor.

As participantes foram submetidos a testes, para detectar a presença de uma variante genética ligada a um menor número de receptores de dopamina (neurotransmissor emitido por células nervosas que promove a sensação de prazer), e monitorizados durante um ano, medindo o índice de massa corporal.

Comer desencadeia a produção de dopamina. Segundo Eric Stice, que estuda a obesidade e as disfunções alimentares há mais de 20 anos, “esta investigação revela que as pessoas obesas podem ter menos receptores de dopamina nos seus cérebros, o que as leva a comer mais para compensarem o défice de prazer”.

Um primeiro estudo visou 43 estudantes, entre os 18 e os 22 anos, com um IMC médio de 28,6. Foi também acompanhado um segundo grupo de 33 adolescentes, entre os 14 e os 18 anos, com um IMC médio de 24,3. As participantes com IMC mais elevados registravam, ao fim de um ano, as respostas mais fracas dos seus centros de prazer no cérebro e possuíam também a variante genética responsável pela redução da produção de dopamina.

“Apesar de as pessoas com menor sensibilidade no circuito de recompensa correrem um risco mais elevado de ganharem peso, alterar o modo de vida, fazendo mais exercício, ou cumprir tratamentos farmacológicos, poderá corrigir este défice de recompensa, prevenindo ou tratando a obesidade”, vincou o investigador.

Dados do estudo

Título: Relation Between Obesity and Blunted Striatal Response to Food Is Moderated by TaqIA A1 Allele
Publicação: Science, 17 de Outubro de 2008, volume 322, páginas 449-452
Autores: E. Stice, S. Spoor, C. Bohon, D. M. Small

sábado, 18 de outubro de 2008

Nutrição e Cirurgia Bariátrica

Pessoal, segue uma imagem da função da dieta após a cirurgia bariátrica. Ressaltamos a importancia do acompanhamento médico nesta fase em que o corpo ainda esta em adaptação, como se fosse o estomago de uma criança.

Após a cirurgia bariátrica, que tem como objetivo principal a melhora da qualidade de vida através da perda de peso, a nutrição tem um papel importante porque a quantidade e o tipo de alimentos a serem consumidos devem ser limitados.

O objetivo do acompanhamento nutricional é buscar o bem estar físico e emocional, através da seleção dos alimentos que contenham os nutrientes mais saudáveis e que estejam adequados às necessidades de cada indivíduo para que a rápida perda de peso não leve à desnutrição.

De maneira geral, a principal mudança na alimentação após a cirurgia é uma diminuição importante na quantidade de alimentos consumidos diariamente devido a redução do estômago. Porém, outros cuidados com a alimentação são fundamentais. Pode-se dividir o cuidado com a alimentação em cinco fases após a cirurgia:

1º fase – fase da alimentação líquida: esta fase compreende as duas primeiras semanas após a cirurgia e caracteriza-se com uma fase de adaptação. A alimentação é liquida e constituída de pequenos volumes (em torno de 50 mL por refeição) e tem como principal objetivo o repouso gástrico, a adaptação aos pequenos volumes e a hidratação. Como conseqüência da alimentação liquida, a perda de peso é bastante grande nestas duas semanas, devendo-se introduzir o uso de complementos nutricionais específicos para evitar carências de vitaminas e de minerais. A orientação nutricional deverá ser iniciada pelo médico e nutricionista já no hospital, antes da alta hospitalar.

2º fase – fase da evolução de consistência: de acordo com a tolerância e as necessidades individuais, a alimentação vai evoluindo de liquida para pastosa com a introdução de preparações liquidificadas, cremes e papinhas ralas. A evolução de cada paciente é variável de forma que a escolha de cada alimento deve ser acompanhada cuidadosamente para evitar desconforto digestivo como dor, náuseas e vômitos, esta fase tem um tempo de duração diferente para cada indivíduo porém, em média, dura em torno de 02 semanas.

3º fase – fase da seleção qualitativa e mastigação exaustiva: passado o primeiro mês após a cirurgia, inicia-se uma fase onde a seleção dos alimentos é de fundamental importância pois, considerando que as quantidades ingeridas diariamente continuam muito pequenas, deve-se dar preferência aos alimentos mais nutritivos escolhendo fontes diárias de ferro, cálcio e vitaminas. O paciente deverá receber um treinamento para reconhecer quais são os alimentos mais ricos neste nutrientes de forma a ficar mais independente para escolher as principais fontes de minerais e vitaminas encontradas nas suas refeições diárias. Como a alimentação passa a ser mais consistente deve-se mastigar exaustivamente. A duração desta fase também varia individualmente e dura em média 01 mês.

4º fase – fase da otimização da dieta: nesta fase a alimentação vai evoluindo gradativamente para uma consistência cada vez mais próxima do ideal para uma nutrição satisfatória. Geralmente, esta fase ocorre a partir do 3º mês após a cirurgia quando, quase todos os alimentos começam a ser introduzidos na alimentação diária. O cuidado com a escolha dos alimentos nutritivos deve continuar pois, as quantidades ingeridas diariamente continuam pequenas. Nesta fase o paciente pode ser capaz de selecionar os alimentos que lhe tragam mais conforto, satisfação e qualidade nutricional. Somente não são tolerados alimentos muito fibrosos e consistentes.

5º fase – fase da adaptação final e independência alimentar: esta fase deve acompanhar o paciente a partir do 4º mês e , como nas fases anteriores, também evolui de acordo com as características individuais podendo iniciar-se um pouco antes ou um pouco depois do 4º mês. A partir desta fase, um acompanhamento periódico faz-se necessário somente para o acompanhamento da evolução de peso e levantamento de informações para identificar se existem carências nutricionais como, por exemplo, a anemia. O paciente já tem bastante segurança na escolha dos alimentos e está apto a compreender quais são os alimentos ricos em proteínas, glicídios e lipídios, cálcio, ferro, vitamina A, vitamina C, folatos além de outras propriedades nutricionais.



ALGUNS ASPECTOS IMPORTANTES



O CONSUMO DE LÍQUIDOS. A rápida perda de peso leva a uma aumento transitório dos níveis de ácido úrico na circulação. Quando a hidratação não é suficiente poderá haver formação de litíase renal (pedra nos rins). Por este motivo o consumo de líquidos deve ser monitorado para evitar que a urina fique muito concentrada.

Mesmo sem sede deve-se então consumir líquidos?

Sem dúvida. O consumo de líquidos deve ser constante, independente da sede.

A ESCOLHA DE ALIMENTOS RICOS EM FERRO. Dentre os alimentos mais fibrosos e de aceitação mais tardia está a carne vermelha. Enquanto ela não for introduzida na alimentação, o nutricionista deverá orientar o paciente sobre outras fontes de ferro presentes na alimentação.

Deve-se escolher alimentos fontes de ferro para consumo todos os dias?

Sim. O consumo de alimentos riscos em ferro deve ser constante, principalmente se não for possível consumir carne vermelha.

A INTOLERÂNCIA AO AÇÚCAR. O consumo de alimentos açucarados deve ser evitado por dois motivos: 1º porque o valor calórico é elevado e 2º, dependendo da técnica cirúrgica, poderá haver Síndrome de dumping. Uma avaliação da tolerância ao açúcar poderá ser feita desde que acompanhada cuidadosamente pelo nutricionista.

Mesmo o consumo de uma pequena quantidade de açúcar pode levar à Síndrome de Dumping?

No caso da cirurgia de Capella sim. Apesar de nem sempre ser assim, às vezes o consumo de 01 bala pode desencadear o processo.

O RITMO DE EMAGRECIMENTO. A perda de peso é muito intensa principalmente durante as duas primeiras semanas após a cirurgia. O ritmo acelerado de emagrecimento continua a ser observado até o terceiro mês e , a partir de então, passa a ser mais lento. Este é um processo natural de adaptação fisiológica que faz com que o organismo passe a gastar menos energia diariamente para evitar que a perda de peso rápida e permanente leve à desnutrição e aos conseqüentes riscos à saúde como a queda da resistência à infecções, desmineralização óssea, dentre outros.

Há alguma maneira de melhorar o ritmo de perda de peso nesta fase?

A melhor forma é a atividade física regular. O exercício faz com que o organismo gaste mais energia, o que ajuda a perder peso, além de trazer uma sensação de bem estar e relaxamento. Entretanto, deve-se procurar orientação médica para a avaliação do momento adequado para iniciar o exercício e também para a escolha do melhor tipo de atividade a ser realizada.

Não seria interessante também voltar a fazer dieta líquida como nas duas primeiras semanas após a cirurgia?

Não. Este tipo de prática nesta fase pode debilitar seriamente o organismo.

A NECESSIDADE DO USO DE COPLEMENTOS DE MINERAIS E DE VITAMINAS. Toda vez que as calorias da dieta são inferiores a 1250 Kcal ao dia é necessário complementar vitaminas e minerais. No caso da cirurgia bariátrica, o valor calórico da alimentação se aproxima de 350 kcal nas primeiras semanas e continua inferior a 1250 kcal no mínimo até o sexto mês após o inicio do tratamento. Principalmente durante este período, a complementação é indispensável.

Os complementos podem engordar?

Não. Vitaminas e minerais não produzem calorias.

Que alimentos poderiam prejudicar a perda de peso?

Um consumo excessivo semelhante ao anterior à cirurgia não ocorre porque o estômago não pode receber quantidade elevadas de alimentos. Entretanto, a alimentação em pequenas quantidades pode Ter um valor calórico alto quando é rica em lipídios (gorduras). Toda gordura tem um valor calórico elevado independente da fonte (óleo, azeite, margarina, manteiga) por isto é sempre recomendável evitar o consumo habitual de receitas que levem gordura na sua preparação.

Telefones e Contatos

Pessoal,

Estou colocando abaixo os contatos da equipe que esta me acompanhando no pós operatorio, para caso queiram marcar uma consulta e tirar dúvidas mais profundas sobre o assunto.

Dr. Reynaldo Quinino - Cirurgião Gastrico - Clinica Corporis - Tel. 3212-1222/1922
Dra. Gisele - Endocrinologista - Clinica Corporis - Tel. 3212-1222/1922
Dra. Elaine Fonseca - Nutricionista - Instituto de Endoscopia - Tel. 4008-4150

E estou colocando meu Orkut

Um Abraço a todos

Odir

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

TÉCNICAS MISTAS

O que são téncias mistas?

São técnicas que associam um pouco de restrição a ingesta do bolo alimentar com um pouco de disabsorção, ou seja um desvio intestinal menor.


Criada por dois cirurgiões chamados Rafael Capella e Mathias Fobi é atualmente a técnica mais utilizada e chama-se by-pass gástrico com anel ou cirurgia de Fobi-Capella (cirurgiões que a inventaram).

Ela consiste em uma redução do estômago através de grampeamento.


O estômago é dividido em duas partes: uma menor (30ml) que será por onde o alimento irá transitar e outra maior que ficará isolada.

Este pequeno estômago é então ligado ao intestino para que o alimento possa seguir seu curso natural.

Todas as secreções do estômago separado serão levadas a uma nova costura do intestino feita adiante do intestino que é costurado no estômago.

Esta técnica além de limitar o volume do que entra também limita a velocidade de esvaziamento do estômago pois é aplicada uma banda de contenção.

Outra técnica mista é o bypass gástrico sem banda ou cirurgia de Wittgrove, criada pelos doutores Wittgrove e doutor Clark, é muito semelhante à técnica de Fobi-Capella. A diferença básica é que ao invés de colocar um anel ao redor do "pequeno estômago" , o cirurgião faz uma costura apertada entre o estômago e o intestino.


Na Clínica Marchesini não realizamos este procedimento pois acreditamos que esta costura apertada poderia dilatar ( se alargar) com o tempo e com isso haver um reganho de peso mais precoce.

Vários estudos tem comprovado o que nós já desconfíávamos há alguns anos.

Nos EUA alguns cirurgiões estão reoperando os pacientes que estão reganhando peso para colocar o anel.


Apesar do tema ser bastante controverso e muito discutido nos congressos médicos , esta cirurgia ainda é muito realizada e em alguns serviços tem apresentado bons resultados

TÉCNICAS DISABSORTIVAS

O que são técnicas disabsortivas ?

São técnicas que permitem ao paciente comer, no entanto atrapalham a absorção dos nutrientes e com isto levam o obeso ao emagrecimento.

São, em geral muito bem sucedidas quanto ao emagrecimento que pode chegar a 40% do peso original, no entanto tem necessidade de controle mais rígido quanto a distúrbios nutricionais, de elementos minerais e vitaminas.

Vem se tornando cada vez mais popular devido a qualidade de vida que traz ao paciente.

Estas operações são conhecidas como "desvios do intestino" ?

Desviam uma boa parte do caminho que os alimentos tem que passar , desta forma fazendo um curto circuito levando a uma absorção menor dos nutrientes.

Dentre as várias técnicas propostas, três são as mais conhecidas e, o mais importante, reconhecidas:



A cirugia de Payne que é um desvio intestinal grande sem se mexer no estômago.

Esta é uma cirurgia de exceção pois pode levar a distúrbios nutricionais muito acentuados e é somente utilizada através de critérios rigorosos.

Muitas vezes esta cirurgia é utilizada como tratamento temporário em pacientes excessivamente obesos.

Por ser uma cirurgia tecnicamente simples, ela é realizada em um primeiro tempo para o paciente perder algum peso para depois se fazer a cirurgia definitiva num segundo tempo.


Outra cirurgia disabsortiva chama-se derivação biliopancreática ou cirurgia de Scopinaro (nome do cirurgião que inventou este procedimento).

Esta cirurgia consiste em retirar a metade do estômago, desta forma fazendo com que o paciente possa comer um volume menor porém satisfatório, associado a um "desvio intestinal" importante.

Habitualmente a vesícula biliar é retirada neste procedimento : quase 90 % dos pacientes podem apresentar pedras na vesícula durante o processo de emagrecimento.

É uma cirugia que apresenta bons resultados e uma perda de 40% do peso total.

Derivação Bilipancreática com Duodenal Switch ou cirurga de Hess

É realizada uma ressecção longitudinal (como na imagem) do estômago.



Neste procedimente é preservada a anatomia básica do estômago e sua fisiologia no esvaziamento do alimento do estômago.

Outra adição à técnica é a preservação de uma pequena faixa do duodeno (primeira porção do intestino delgado).

Esta pequena faixa de duodeno favorece a absorção de inúmeros nutrientes incluindo proteínas, calcio, ferro e vitamina B12. O que não acontece nas outras cirurgias para perda de peso. Vem sendo considerada uma evolução das cirurgias.

O componente disabsortivo (desvio intestinal) do duodenal switch faz com que o alimento venha por um caminho enquanto os sucos digestivos ( bile e suco pancreático) venham por outro.

Eles se encontram apenas a 100cm de acabar o intestino delgado. Isto inibe a absorção de calorias e nutrientes levando a um emagrecimento importante.

As principais vantagens desta cirurgia são: 1.seu estômago foi diminuido sem a presença de bandas ou anéis; 2. a cirurgia pode ser totalmente revertida (com exceção da faixa de estômago que foi retirada); 3.não é retirada nada do seu intestino como é proposto em outras técnicas; 4. alguns nutrientes são absorvidos na pequena faixa de duodeno preservada; 5. O volume de alimento que vai poder ingerir em alguns meses de pós-operatório vai ser praticamente normal e finalmente ; 6. a perda de peso é consistente e duradoura.

Em estudos recentes pôde-se comprovar que aqualidade de vida dos pacientes submetidos a este procedimento apresentam maior satisfação a longo prazo.

Todas as cirurgias disabsortivas têm riscos e complicações a curto e longo prazo. É muito importante discutir com seu médico sobre estas complicações e o que pode ser feito para previní-las.

TÉCNICAS RESTRITIVAS

O que são técnicas restritivas ?

São técnicas que limitam o volume de alimento sólido que o paciente ingere nas refeições.

De uma forma geral, com estas técnicas o paciente come menos sólidos e pastosos e consequentemente emagrece.

O resultado, no entanto, depende da colaboração do paciente pois alimentos líquidos podem ser ingeridos quase no mesmo volume que eram antes da operação e se forem muito calóricos irão atrapalhar ou até impedir a perda de peso.

Então por que fazê-las ?

Atualmente estas técnicas são reservadas para casos especiais.

São técnicas mais simples, de menor risco, de mais fácil adaptação, e de fácil recuperação.

O mais IMPORTANTE é saber que a PERDA DE PESO É MENOR do que nas outras técnicas.

Quais são as técnicas restritivas ?

* a cerclagem dentária,
* o balão intragástrico,a gastroplastia vertical restritiva de Mason,
* a banda gástrica ajustável por laparoscopia

Como é a cerclagem dentária ?

É uma forma antiga de tratamento, no momento em desuso pela qual os dentes da arcada superior são amarrados com fios de aço com os dentes da arcada inferior.

Com isto, o paciente toma líquidos em pequenas quantidades de baixo valor calórico levando a perda importante de peso.

É um método temporário e deve ser interrompido quando se alcança uma perda de peso aceitável e possível. Nem sempre se consegue perda de peso que convença.

O que é o Balão intragástrico?

O que é gastroplastia vertical restritiva de Mason?



Dr. Edward E.Mason , cirurgião norte-americano, da Universidade de Iowa, considerado o "pai da cirurgia da obesidade, descreveu há alguns anos esta operação que consiste em "grampear" o estômago criando um pequeno tubo que recebe o alimento dando ao paciente a sensação de estar "cheio".

Com isto esta antecâmara gástrica esvazia-se lentamente e o paciente tem a sensação de que está satisfeito.

Somando o volume final de alimentos ingeridos durante o dia corresponderá a um pequeno percentual do seu habitual e assim perderá peso.
O inconveniente é que se o paciente usar líquidos em vez de alimentos sólidos, poderá tomá-los em grande quantidade e ser forem hipercalóricos, a perda de peso não será a esperada.

É uma técnica que vem sendo abandonada e deve ser usada em pacientes especiais, escolhidos com critério, disciplinados e cooperativos.

Na Clínica Marchesini já não utilizamos esta técnica há vários anos por acreditarmos que outras opções trazem melhores resultados.



O que é banda gástrica ajustável por laparoscopia (lap-band ou banda laparoscópica) ?



A banda gástrica é uma prótese de silicone que tem um balão insuflável por dentro, parecido com uma câmara de pneu que pode ser enchida ou esvaziada.

Quando colocada em volta da parte alta do estômago forma um anel que que regula o esvaziamento deste pequeno segmento do estômago.

Quando o balão é insuflado ou desinsuflado, aperta mais ou menos o estômago de maneira que podemos controlar o esvaziamento do alimento da parte alta para a parte baixa do órgão.

O balão é ligado a um botão de metal e plástico que fica embaixo da pele por intermédio de um delicado tubo de silicone.

Este botão que fica sob a pele e gordura, fixado no músculo do abdome, pode ser alcançado com uma fina agulha de injeção.

Através deste botão podemos injetar água distilada para apertar mais o estômago ou esvaziar para aliviar a obstrução à passagem de alimento.

O principio da operação é semelhante a operação de Mason porém pode ser regulada depois, a qualquer tempo, ambulatorialmente.

A perda de peso, da mesma forma, fica em torno de 20 a 30% em média e depende da cooperação do paciente.

A Cirurgia Bariátrica

Pessoal, hoje irei postar sobre os tipos de cirurgias Bariátricas e equipamentos usados. Estas informarções retirei da gastronet.com.br.

O que são grampeadores ?



Por quase dois séculos os cirurgiões vem utilizando instrumentos mecânicos nos auxilio das cirurgias.

Os grampeadores são os que mais evoluiram e são utilizados no mundo todo.

Existem vários tipos: circular, linear, linear cortante, de ligadura de vasos sangüíneos e de pele.

Os grampeadores atuais são muito sofisticados disparando centenas de grampos feitos de titânio de aproximadamente 1mm de comprimento e ao mesmo tempo cortando os tecidos separado-os sem deixar aberturas.

Melhoram o tempo da cirurgia auxiliando o cirurgião a ter mais segurança na realização de procedimentos complexos como a cirurgia para obesidade.

Atualmente a cirurgia videolaparoscópica para obesidade seria praticamente impossível de ser realizada sem ele.


É necessário abrir o abdome para realizar estas operações?

Não, atualmente todas as cirurgias para obesidade são realizadas por videolaparoscopia.



Quase todas as cirurgias realizadas na Clínica Marchesini são realizadas por videolaparoscopia - a cirurgia para obesidade não é diferente . Ela é realizada através de 6 ou 7 orifícios, pequenos cortes no abdômen.

As principais vantagens desta via de acesso são que: (a) não há risco de desenvolver hérnia no corte cirúrgico;(b) não há risco de complicações da incisão cirúrgica no pós-operatório como infecção ou seroma (quando gordura liquefeita se junta embaixo da pele sob o corte); (c) esteticamente deixa menos cicatriz e (d) o tempo de retorno às atividades é mais curto.

Somente em algumas situações especiais não é possível realizar a cirurgia por via laparoscópica, como em pessoas que foram submetidas à cirurgias abdominais prévias.

Agumas vezes durante a cirurgia laparoscópica, surgem situações que exigem que o cirurgião converta a cirurgia para um procedimento aberto (como na figura). Esta decisão é baseada em segurança e só pode ser feita durante o ato operatório.

Imagens da Cirurgia Videolaparoscópica








Qual o nome correto para estas operações ?

São chamadas operações bariátricas, ou cirurgias bariátricas.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Obesidade Mórbida

O que é Obesidade Mórbida:
O peso e a distribuição da gordura no corpo são regulados por uma série de mecanismos neurológicos, metabólicos e hormonais que mantêm um equilíbrio entre a ingesta (alimentos e bebidas ingeridos) e o gasto energético. Quando há um excesso da ingesta em relação ao gasto energético, ocorre um armazenamento da sobra de energia sob a forma de gordura, traduzindo-se no aumento do peso corpóreo.

A obesidade é portanto definida como um excesso do acúmulo de gordura no corpo. Quando este acúmulo atinge grandes proporções, passa a ser chamada de obesidade mórbida. A maneira mais utilizada pelos médicos para quantificar a obesidade é o cálculo do Índice de Massa Corporal, ou simplesmente IMC, que é obtido dividindo-se o peso (em quilos) pela altura (em metros) elevada ao quadrado (IMC = P ÷ A2). A faixa de peso normal considerando-se o IMC varia de 19 a 25 Kg/m2. Pessoas com IMC de 25 a 30 são consideradas como acima do peso enquanto aquelas entre 30 e 40 já são classificadas como obesas.

Finalmente, pessoas com IMC acima de 40, são portadoras de obesidade mórbida, o que equivale a aproximadamente 45 Kg acima do peso ideal. A estratificação dos indivíduos com base no IMC, agrupando-os em diferentes classes de peso, guarda uma relação direta com a taxa de mortalidade, variando de "baixíssima" em pessoas com índice normal até "altíssima" naqueles com IMC acima de 40 Kg/m2.

Mortalidade e Obesidade:



Fonte: Roche. Mortes/ano nos EUA (em milhares) que poderiam ser evitadas com preenção ou tratamento.

Causas da Obesidade:

Hereditariedade
Deficiência ou falha da molécula leptina, que controla a quebra e a utilização da gordura.

Hormônios
Hipotireoidismo, ovários policísticos e outras;
Puberdade, gravidez, menopausa e andropausa.

Medicamentos
Antihistamínicos, anticoncepcionais e antidepressivos.

Emocionais
Ansiedade e depressão provocam compulsão.

Hábitos
"Beliscar" a todo o momento, lanches fora de hora, frituras e doces em excesso;
Vida sedentária e estressante;
Alimentação diária em "fast foods" e a falta de alimentos saudáveis.

A Obesidade no Mundo:
A obesidade é um dos maiores problemas de saúde deste novo milênio, acometendo quase um terço da população mundial. Infelizmente não existe milagre, nem mágica, que promova a perda de peso sem a colaboração e a motivação do indivíduo; os sacrifícios, portanto precisam ser conhecidos.

Somente na América Latina, é provável que 200.000 pessoas morram anualmente em decorrência das complicações da obesidade. No Brasil, o problema vem tomando proporções cada vez maiores. Dados mais recentes mostram que ele já ocupa o sexto lugar no ranking dos países com maior número de obesos, atrás apenas dos Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, Itália e França.

Opções de tratamento mais utilizadas:
Existem várias alternativas terapêuticas que, combinadas, conseguem boas perdas de peso como as dietas de baixas e muito baixas calorias, a psicoterapia, a terapia comportamental, o exercício físico, e algumas drogas como a sibutramina (Plenty®, Reductil®) e o orlistat (Xenical®) que incrementaram o arsenal terapêutico da obesidade. Porém, quando se trata de obesidade mórbida, essas medidas, na maioria das vezes, são fugazes e ineficientes. Isto porque a imensa maioria dos pacientes não consegue promover uma mudança nos seus hábitos alimentares e na prática de atividade física de forma definitiva.

Além disso, existem alterações nos mecanismos que controlam a distribuição da gordura e o gasto energético, fazendo com que haja uma grande tendência à recuperação do peso perdido, superando inclusive o peso inicial e se tornando ainda mais obeso, fenômeno popularmente conhecido como "efeito sanfona". Os pacientes com obesidade mórbida devem, portanto, ser encarados como portadores de uma doença séria, que ameaça a vida, reduz a qualidade de vida e a auto-estima, e que requerem medidas eficientes para promover a perda de peso de forma definitiva.

A cirurgia bariátrica (nome utilizado para se definir a cirurgia para obesidade mórbida) é o único método cientificamente comprovado que promove uma acentuada e duradoura perda de peso, reduzindo as taxas de mortalidade e resolvendo, ou pelo menos minimizando, uma série de doenças associadas à obesidade grave.

Como é a Cirurgia para Obesidade:
A cirurgia bariátrica deve, em primeiro lugar, ser bem diferenciada de algumas técnicas da cirurgia plástica. Não estão incluídas nesta especialidade procedimentos estéticos como lipo-aspiração, lipo-redução, dermolipectomia, e outros do gênero. O princípio da cirurgia bariátrica consiste em induzir a perda de peso por meios cirúrgicos, e ao longo de mais de 50 anos de existência este tipo de cirurgia transformou-se numa sub-especialidade da cirurgia geral, acumulando dezenas de técnicas diferentes para tratar o problema do grande obeso. De um modo geral, a perda de peso pode ser obtida por dois caminhos: pela redução da capacidade de armazenamento do estômago e de sua velocidade de esvaziamento (cirurgias restritivas), ou pela exclusão de grandes segmentos de intestino delgado evitando que os nutrientes sejam absorvidos (cirurgias disabsortivas). A Banda Gástrica é um exemplo de cirurgia puramente restritiva, onde se diminui o tamanho do reservatório de alimento. Nas técnicas disabsortivas promove-se um encurtamento do intestino delgado, reduzindo o tempo de contato dos nutrientes com as células intestinais dificultando sua absorção, a Derivação Bilio-Pancreática de Scopinaro é a principal representante deste grupo. Existe ainda um grupo chamado de cirurgia mista, que combina os dois princípios básicos (diminui a capacidade de armazenar e absorver os alimentos), é o "Bypass gástrico" ou Cirurgia de Fobi-Capella. Infelizmente não existe a cirurgia absolutamente perfeita que se encaixe em todos os casos; cada técnica possui vantagens e desvantagens que devem ser analisadas em cada paciente de acordo com suas expectativas e prioridades, observando-se suas características pessoais como idade, sexo, raça, grau de obesidade, hábitos alimentares, nível sócio-cultural e perfil psicológico-comportamental. Durante a avaliação médica o cirurgião e o paciente decidirão juntos qual a melhor alternativa.

A obesidade mórbida está associada a graves co-morbidades como hipertensão arterial, diabetes, doenças cardiovasculares, alterações tromboembólicas, refluxo gastro-esofágico, doenças articulares, além de diversas formas de câncer (mama, útero, vesícula biliar, etc.), dentre outras, causando um risco de morte 12 vezes maior que o indivíduo sem excesso de peso em 7 anos. A taxa de mortalidade de mulheres com 50 % além do peso, por exemplo, é o dobro das mulheres com peso normal; subindo para oito vezes se houver diabetes associado.

Em pessoas com obesidade severa, o risco de apresentar diabetes está aumentado cerca de 53 vezes, o do câncer de endométrio 5,4 vezes. Mais ainda, quando o indivíduo atinge os duzentos quilos, a chance dele viver mais sete anos é de apenas 50 %. Um outro fato dramático que ilustra a gravidade da obesidade e que mostra a baixa expectativa de vida deste grupo de doentes é ilustrado ao se avaliar os indivíduos que entraram para o Guiness Book (O livro dos recordes), onde nenhuma das pessoas consideradas as mais pesadas ultrapassou os 40 anos de idade. Para piorar, o grande obeso tem a sua doença "estampada na cara" para que todos o vejam, o julguem e o discriminem. Não bastassem as doenças que trazem consigo, não bastasse ter dificuldade em realizar os mais comuns dos atos cotidianos, essas pessoas são discriminadas e humilhadas pela pior de todas as doenças, o preconceito.

Quem deve ser operado:
A cirurgia está indicada para os pacientes adultos que apresentam IMC maior que 40 Kg/m2 , ou maior que 35 Kg/m2 acompanhado de doenças que venham a se beneficiar clinicamente com a redução do peso.
O paciente deve estar completamente consciente dos riscos e benefícios e estar disposto a mudar seu estilo de vida, seu padrão alimentar e seguir as orientações e o acompanhamento médico. Embora apenas uma pequena parcela dos grande-obesos consiga uma perda de peso definitiva, é indispensável que tratamentos clínicos bem orientados tenham sido tentados antes da cirurgia.

Contra-Indicações:
A cirurgia está contra-indicada em pacientes que têm uma alta propensão a não seguir as instruções pós-operatórias e o acompanhamento médico, bem como naquelas situações médicas que possam representar um risco adicional não justificável para o paciente como por exemplo:

Depressão endógena importante, alcoólatras e usuários de drogas ilícitas;

Crianças e adolescentes, exceto em situações especiais;

Presença de hérnia hiatal volumosa (contra indicação para banda gástrica), varizes esofágicas, doenças imunológicas ou inflamatórias do trato digestivo superior que venham a predispor o indivíduo a sangramento digestivo ou outras condições de risco;

Infecção estabelecida ou suspeitada que possibilite a contaminação da cirurgia;

Presença de doença cardio-respiratória grave e descompensada.

História de manifestação alérgica ao silicone ou a algum dos componentes do sistema (contra indicação para banda gástrica);

Pacientes que, devido a instabilidade emocional e/ou psicológica, algum membro da equipe multidisciplinar venha a considerar impossível o acompanhamento e a obediência às instruções pós-operatórias.

Calculo de IMC

Calculo de IMC

Animação com tipos de Cirurgias

Para ver a Animação em Flash clique aqui

Comentario Inicial

A cada ano, milhares de pessoas que passaram a vida lutando contra a balança enfrentam uma cirurgia para redução do estômago no Brasil. A cirurgia bariátrica é apenas o começo de outra luta. Devido à alta complexidade do procedimento, diversos profissionais devem trabalhar em conjunto antes, durante e depois da intervenção.

De acordo com a nutricionista Luciana Coppini, da equipe do Ganep - Grupo de Nutrição Humana, o perfeito entrosamento da equipe multidisciplinar, formada por médico cirurgião, gastroenterologista, nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta e fonoaudiólogo, entre outros, é parte fundamental no sucesso da cirurgia. Por este motivo, o tema é um dos destaques do II Congresso Brasileiro de Nutrição Integrada-CBNI/Ganepão 2007, que acontece de 14 a 16 de junho de 2007, debatendo este e outros conceitos científicos em torno do tema Nutrição Clínica: da Biologia Molecular à Beira do Leito.

Cirurgia bariátrica

Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, o Brasil tem cerca de 70 milhões de indivíduos acima do peso, ou o dobro do que havia há três décadas. Destes, 18 milhões são considerados obesos.

Para muitos, a única solução para evitar a obesidade mórbida, considerada pelos médicos doença grave, com risco de morte, é ou será a cirurgia bariátrica. Somente por meio do SUS, foram 1.813 procedimentos em 2003, cerca de 2 mil em 2004 e 2.266 em 2005.

Na rede privada, o crescimento é ainda maior, colocando o Brasil como o segundo país do mundo na realização deste tipo de cirurgia, ficando atrás, apenas, dos Estados Unidos, conforme a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica (SBCB).

O procedimento é considerado de médio a alto risco, particularmente em doentes super obesos e com comorbidades cardiorrespiratórias, segundo o dr. Pedro Luiz Bertevello, cirurgião do aparelho digestivo especializado em cirurgia bariátrica.

De acordo com a nutricionista Luciana Coppini, os cuidados devem começar muito antes da cirurgia. Consultas ao médico, nutricionista e psicólogo são fundamentais. "As modificações na alimentação e no estilo de vida do paciente devem começar numa fase bem anterior, para que ele tenha tempo de se habituar à nova rotina que será imposta depois da redução".

Algumas destas mudanças referem-se aos hábitos alimentares. "O paciente precisará comer devagar, mastigar bem, reduzir os intervalos entre as refeições e saber selecionar os alimentos. Estas mudanças estão diretamente relacionadas ao sucesso da cirurgia".

Outro problema facilmente contornável com acompanhamento nutricional é a desnutrição. Sob supervisão de nutricionista será possível garantir que todas as necessidades do paciente sejam supridas por meio da alimentação ou suplementos específicos.

"A maneira de pensar também precisa sofrer transformação. O estômago agora estará bastante reduzido e não haverá espaço para tudo aquilo que ele sentir vontade de comer", lembra dr. Bertevello. "Em muitos casos, anos após a cirurgia o paciente ainda não está acostumado à nova condição física e acaba exagerando na comida", alerta Luciana. "É necessária muita disciplina e respeito às orientações dos especialistas, pois a cirurgia não é um passe de mágica. Sem os cuidados necessários o paciente pode até mesmo voltar a engordar".