terça-feira, 28 de outubro de 2008

Entrevista Dr. Reynaldo Quinino

Pessoal, é com uma imensa satisfação que hoje entrevistaremos Dr. Reynaldo Quinino no nosso Blog.


Dr. Reynaldo Quinino: Formado em Medicina UFRN, especialização em Cirurgia Geral e Aparelho digestivo na Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, Professor UFRN.






Caro odir, é um prazer responder as perguntas:


O que mais me perguntam: Doe no pós operatório?

A dor é uma sensação subjetiva de um estímulo nervoso
produzido quando um tecido é lesado, desta forma, a percepção da dor é
uma experiência individual, que depende do limiar que possuímos para
suportá-la. Por exemplo, crianças sentem mais dor que adultos que, por
sua vez, sentem mais que idosos. De maneira geral, se a cirurgia é
realizada por videolaparoscopia, só existe a necessidade de
analgésicos nos dois primeiros dias e normalmente, em baixas doses.

Quem são as pessoas mais indicadas para este tipo de tratamento?
Existe algum tipo de pessoa que não pode fazer esta cirurgia?

As pessoas mais indicadas são aquelas que possuem Índice de Massa
Corporal acima de 35Kg/m2 associado a doenças como hipertensão e
diabetes ou acima de 40Kg/m2, independente de doenças associadas; além
dissso, que tenham idade entre 16 e 60 anos e com história de falha de
tratamento clínico (reeducação alimentar, inibidores de apetite e
atividade física). São raras as pessoas que não podem submeter-se a
uma cirurgia de obesidade, mas entre as principais contra-indicações
estão: Doenças cardíacas, pulmonares ou hepáticas graves, pois elevam
o risco cirúrgico, doenças psiquiátricas graves (como esquizofenia),
alcoolismo e dependência de drogas ilícitas.

Quais os tipos de cirurgia bariátrica, suas características? Qual a
mais comum?

Existem basicamente três tipos de cirurgia:

1. Restritivas: O mecanismo de perda de peso é principalmente por
reduzir a capacidade de armazenamento do estômago. A mais utilizada é
a banda gástrica ajustável, um procedimento no qual uma cinta é
passada ao redor do estômago, dividindo-o em dois compartimentos,
sendo que o superior tem cerca de 20ml e funciona como o novo
estômago, diminuindo a ingesta de alimentos e causando saciedade
(sensação de estômago cheio) precoce. A grande vantagem seria a menor
complexidade técnica do procedimento, mas por promover uma perda de
peso de apenas 15 a 20% do peso corporal, só é indicada hoje em casos
excepcionais.

2. Disabsortivas: Neste tipo de cirurgia o principal mecanismo que
leva a perda de peso é a diminuição na absorção de nutrientes como
carboidratos e gorduras, pois nelas são realizados "grandes" desvios
intestinais com pouca diminuição no tamanho do estômago. Teria a
vantagem teórica de permitir ao paciente ingerir maiores volumes de
alimentos, mas, na prática, nunca teve bons resultados no Brasil,
devido ao alto percentual de carboidratos na nossa dieta. Pode levar a
quadros de desnutrição protéica grave, necessitando inclusive de
internações para nutrição por via venosa, cirrose no fígado e cálculos
(pedras) nos rins.

3. Mistas: As cirurgias com melhores resultados e mais utilizadas em
todo o mundo para tratar a obesidade são aquelas onde existe um
componente restritivo (redução do estômago) e outro disabsortivo
(desvio intestinal), promovendo desta forma uma perda de peso
satisfatória com um índice de complicações aceitáveis, inclusive a
longo prazo. São conhecidas também como cirurgia de Capella (cirurgião
colombiano radicado nos estados Unidos que desenvolveu a técnica),
cirurgia do anel (que pode ou não ser colocado no estômago), cirurgia
de by pass (desvio) gástrico, entre outras.

O que é o anel? Ainda é necessário o uso dele?
O anel é uma fita de material sintético (normalmente silicone),
colocada ao redor do estômago reduzido com a finalidade de regular a
quantidade de alimentos que passam por ele, como se fosse a "boca" de
um funil. As primeiras cirurgias de desvio gástrico foram feitas com a
anel, pois acreditava-se ser indispensável a regulação da passagem dos
alimentos com esta fita, no entanto, com o desenvolvimento da
cirurgia, foi observado que pacientes onde não foi colocado o anel
apresentavam perda de peso semelhante com uma melhor qualidade de vida
(menos entalos e vômitos). Atualmente a maioria dos cirurgiões no
Brasil e nos Estados Unidos não utiliza o anel em suas cirurgias.

Como é o procedimento da cirurgia?
A cirurgia pode ser realizada por via convencional (com um corte de
15cm acima do umbigo), ou como é feita atualmente na maioria das
vezes, por via videolaparoscópica, ou seja, utilizando uma microcâmera
de alta definição e cinco a seis corte de variam de 5 a 12mm. A
anestesia é Geral. O procedimento dura em torno de três horas e o
paciente tem alta hospitalar dentro de três dias.

Qual é a perda de peso que é possível a pessoa perder em um ano com a
cirurgia?

A perda de peso após a cirurgia é muito variável de pessoa para
pessoa, pois depende de vários fatores, como o metabolismo de cada um,
o peso inicial, a gravidade da obesidade, a idade do paciente,
atividade física e abuso de álcool e doces.

Após a cirurgia que cuidados devemos tomar para que tenhamos um pós
cirúrgico da melhor forma possível?

Seguir rigorosamente as recomendações do Cirurgião e Nutricionista,
fazer uso dos suplementos nutricionais, não abusar do álcool e fazer
atividades físicas regularmente.

Devemos seguir alguma dieta após a cirurgia? E exercícios?
A dieta a ser seguida após a cirurgia é prescrita de forma individual
pela nutricionista, mas de maneira geral, após o terceiro mês de
cirurgia, é praticamente normal. Os exercícios podem (e devem) ser
realizados normalmente após 30 dias da cirurgia, iniciando com
atividades aeróbicas e após o terceiro mês, associando exercícios
isométricos (musculação).

O estômago pode voltar ao normal anos depois da cirurgia?
Se a cirurgia foi corretamente realizada, não há o risco de
"dilatação" do estômago após a cirurgia. O que pode ocorrer é um
aumento na quantidade de alimentos ingeridos após o segundo ano de
cirurgia, em decorrência da adaptação nos mecanismos neuro-hormonais
de saciedade.

Existem riscos na cirurgia de redução de estômago? Quais?
Como qualquer outra cirurgia de grande porte realizada em pacientes
obesos, a cirurgia de redução de estômago não é isenta de riscos, mas
as complicações graves representam hoje cerca de 5% dos casos, com um
índice de mortalidade menor que 1% em centros de referência. As
principais complicações são a fístula, ou seja o vazamento de secreção
devido a má-cicatrização nas áreas de sutura(costura), a embolia
pulmonar, que é migração de coágulo sanguíneo formado principalmente
nas pernas para o pulmão, causando dificuldade respiratória e
hemorragias.

Quais os problemas que podem ocorrer após a cirurgia?
Se o paciente não seguir as recomendações da equipe bariátrica, pode
desenvolver sintomas de intolerância alimentar como vômitos e entalos
freqüentes, levando-os a ingerir alimentos pastosos que, no geral ,
são mais pobres em proteínas e vitaminas. Caso o paciente não procure
tratamento adequado, poderá desenvolver deficiências de nutrientes,
levando a quadro de alterações na pele, cabelo, unhas, fraqueza e
ganho de peso.

Quais os benefícios desta cirurgia?
A cirurgia tem o benefício de perda de peso, com vantagens para os
ossos, músculos, tendões e articulações, melhora na auto-estima, vida
sexual, resultado estético, além da cura de doenças associadas a
obesidade como hipertensão arterial e diabetes.

È possível com ela ficar curado de doenças como diabetes,
hipertensão e outras?

O índice de cura para a diabetes chega a mais de 90% após a cirurgia,
independente da perda de peso e em torno de 60 a 70% dos pacientes com
hipertensão arterial ficam livres de medicamentos.

È necessário todos os pacientes fazerem cirurgia plástica após
emagrecer? Quanto tempo?

Não. A decisão de fazer ou não cirurgia plástica depende de cada
paciente e está relacionada a quantidade de pele excedente e o
resultado estético pretendido. Normalmente a cirurgia plástica só é
realizada após pelo menos, dezoito meses de cirurgia.

Como será a vida do paciente após a cirurgia?
Completamente normal, após um período inicial de adaptação.

Se o paciente precisa realmente da cirurgia, como ele deve
encarar esta necessidade?

Como uma etapa inicial importante no tratamento de uma doença crônica
grave, que merece cuidados e acompanhamento pelo resto da vida.

De suas considerações finais sobre este assunto:
A Cirurgia Bariátrica é um método consagrado para o tratamento da
obesidade mórbida, sendo realizado com segurança e bons resultados no
mundo há mais de trinta anos. A decisão de submeter-se a um
procedimento de redução de estômago deve ser bem pensada pelos
pacientes, pois envolve mudanças no estilo de vida e a necessidade
constante de acompanhamento de uma equipe multidisciplinar. Os
resultados da cirurgia são satisfatórios, mas exigem que o paciente
faça a sua parte, para se livrar de uma doença grave do ponto de vista
médico e social como é a obesidade mórbida.

Só lembrando pessoal que o Dr. Reynaldo pode ser encontrado na Clinica Corporis - Tel. 3212-1222/1922, só falar com nossa amiga Magali e marcar uma consulta. Muito obrigado pela entrevista!